terça-feira, 29 de dezembro de 2009


era mais um dia de cobertura na câmara municipal de são josé dos campos. para vocês entenderem melhor, toda terça e quinta feira, tem sessão de câmara. quase sempre marcada para às 17hs, ela só começa mesmo, lá pelas 19hs.

mas como era a última sessão do ano, eu e o repórter cláudio souza, mas conhecido como claudinho, resolvemos chegar antes para ver como seria a saidêra das leis joseenses . chegando no estacionamento, notei um certo tumulto na entrada e na escada que da acesso ao plenário. além de ter sessão extraordinária, ainda íamos ter cinco homenagens. haja paciência.

uma das homenagens daquela noite seria para os palhaços, que comemoraram no dia 10 o seu dia oficial.
parece que a idéia foi do vereador e presidente da casa, alexandre da farmácia.




natural querer fazer uma foto dele com os seus homenageados, certo? pelo visto não para o sr. farmácia, que não seguiu o cerimonial tradicional que é de chamar os homenageados ao palco para cumprimenta-los e posar para a foto. disse que falaria com eles depois da sessão. achei estranho e fui perguntar para os palhaços se eles iriam esperar até o fim da sessão, pois normalmente atrasa bastante.

na mesmo hora, vejo a assessora do vereador farmácia entregando os “diplomas de reconhecimento público” aos palhaços. comecei a fotografar. todos felizes, brincando, dançando, posando pra foto...uma alegria só. fui acompanhando eles para fora quando fico sabendo que o vereador farmácia chamou todos para irem ao seu gabinete.




ôpa, vou também. fui, até ser barrado na porta, por sua assessora. ela disse que era uma reunião e que não podia entrar. pedi pra fazer a foto antes que começasse, mas ela disse que não. fiquei do lado de fora perguntando se era porque o vereador estava com vergonha, medo de sair na foto com os palhaços. ela saiu sem falar nada.
como não podia entrar, fiquei do lado de fora tirando foto de quem entrasse ou saísse do gabinete.

depois fiquei sabendo que o vereador farmácia foi reclamar com o claudinho, dizendo que eu tinha tentado invadir a força o gabinete dele. o cara faz homenagem pra palhaço e não quer fazer foto com eles? palhaçada...


ainda bem que eu já tinha feito uma foto, sem que ele percebesse, dele cumprimentando um palhaço.

ah, e no final ainda teve sorvete de graça pra os funcionários e penetras. o claudinho quase brigou com um por causa de uma casquinha de creme.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009



no começo do mês passado, o calor estava insuportável. não dava vontade de sair do ar condicionado da redação para lugar nenhum. mas sem poder fazer nada em relação a isso, me mandaram fotografar calor.

o editor não queria mais fotos de gente jogando água na cara, de crianças se refrescando na torneira do parque, do sol queimando nossas pestanas e rachando nossas banhas. sugeriu que eu fosse no maior clube da cidade ver como estavam as coisas por lá. topei e pensei em ir também em interlagos, região carente de são josé para mostrar os dos lados da moeda. não sei bem a história do bairro, mas parece que lá era um dos lugares mais violentos e pobres da cidade, e que agora as coisas estão começando a mudar.




bom, chegando no clube, me liguei que teria dificuldades para fotografar. além do lugar estar abarrotado de gente, estava de calça, tênis e camisa preta. eu disse preta. era maldade ver todo mundo descalço, de biquíni, bermuda, se jogando nas piscinas, nos escorregadores... todos olhavam para mim como se eu fosse um doido de andar daquele jeito ali dentro. dava até pra sentir os comentários “haha, olha esse cara, se fudeu”. perguntei para os funcionários do clube, quantas pessoas estava ali, “umas três mil, talvez mais” disseram alguns. fiz várias fotos, mas senti que precisava subir na cascata para ter uma visão geral da coisa. convenci o rapaz a me deixar subir e quando cheguei lá em cima, parecia que eu era a nova atracao do clube. todos olhavam para mim, gritavam, davam tchauzinho, “tira foto minha, tio”...bizarro. como não podia fazer nada, pedi para o rapaz ligar as ondas da piscina no máximo. parece que a galera curtiu.





a esta altura, eu já suava feito a cascata e ainda precisava cruzar toda a cidade para ver como os moradores de interlagos estavam se virando com o calor. quando cheguei, me decepcionei um pouco. o lugar estava vazio. algumas pessoas que ainda estavam por lá me disseram que o motivo era o feriado de finados “o pessoal prefere cemitério do que o lago da praça”. fiz umas fotinhas, nada demais. tinha uma menina pescando com a mão, um outro tio nadando pra lá e pra cá, uma senhora se bronzeando com seu poodle preto...





voltei pro jornal, e não usaram nada do que fiz. acontece.

ah, e camisa preta agora, só pra pauta noturna.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009


tinha um caderno no jornal que quase todos os fotógrafos detestavam fazer: seu bairro. o argumento da maioria é que este caderno não tem apelo de foto de capa, que só tem pauta calhau, como fotografar buraco na rua, reclamação de morador que a prefeitura não poda as árvores, essas coisas que todo jornal tem que dar, mas ninguém quer fazer. a rejeição de todos por este caderno era tão grande, que ele não existe mais. virou apenas uma página diária dentro do jornal. claro que o motivo de sua morte não foi este, mas como eu acredito em olho gordo...

nunca tive problema em fotografar pautas consideradas “pequenas”. aliás, até curto fazer. e como ainda sou novo no valeparaibano, normalmente essas pautas caem no meu colo.
teve um dia que a repórter do seu bairro, ana cláudia, chegou na fotografia para saber se tinha alguém disponível para sair com ela. percebi uma certa movimentação e logo em seguida um vazio no ambiente. quem iria com ela? eu.

moradores do bairro dom pedro estavam reclamando de freqüentes assaltos e ameaças a quem passasse na rua,
especialmente, a noite. só que além disso tudo, os assaltantes fugiam pulando o muro de uma casa abandonada e se escondiam no meio da obra que foi deixada pela metade. o que era apenas um esconderijo dos bandidos, acabou se tornando mais um ponto de tráfico na região. todos os moradores sabiam do esquema, mas não podiam fazer nada. tinham medo. acho que até chamaram a policia, mas nada foi resolvido.


o que
me mandaram fazer foi fotografar alguém entrando ou saindo desta casa. Era só fazer o flagrante, e ir embora para fazer outra pauta. para minha tranquilidade, a repórter já tinha agendado deu subir na casa vizinha e fotografar com uma certa segurança. fiquei de butuca esperando um tempinho até que alguém aparecesse. quando vi o cara pulando o muro, fotografei como se minha câmera fizesse 50 fotos por segundo. clickclickclickclickclickclickclick. até que deu certo, mas não consegui fazer muito mais porque o meu campo de visão não era dos melhores. era apenas uma pequena fresta da janela.



teve até um morador que me abraçou quando mostrei para ele as fotos no visor da câmera. “agora a prefeitura vai tomar uma atitude, obrigado pela ajuda!”. dei um sorriso sem graça e voltei para o jornal. no dia seguinte, soube que publicaram apenas uma foto geral do local, nada de flagrante.

talvez se não fosse caderno
bairro, teríamos outro final para as fotos.



domingo, 29 de novembro de 2009






este blog já deveria ter sido feito há muito tempo, mas só agora consegui um tempinho livre para começa-lo. muitos já devem saber, mas para os poucos que não sabem, estou trabalhado no jornal valeparaibano de são josé dos campos. entrei para cobrir as férias do kathião, e já se vão quase oito meses na capital do vale.

como nunca tinha feito jornal diário, o editor de fotografia e amigo de longa data, pedro ivo, achou que seria bom para mim, já começar fotografando favela. “tratamento de choque, fío”. fui com o repórter xandú fazer a pauta, mas quando chegamos lá, não tinha nada. literalmente nada. era só a primeira de inúmeras pautas que iria fazer que cairia no meio do caminho.

por sorte, o repórter de esportes marquinhos estava junto no carro pegando uma carona para cobrir o treino de vôlei da 4ª etapa do circuito banco do brasil de vôlei de praia que iria começar no dia seguinte. como já estava no carro, fui com ele.

o local escolhido para o evento, foi o estacionamento do shopping colinas, um dos principais centros de compra da cidade. fiz algumas fotos, mas o repórter queria uma foto com um personagem específico, o único jogador nativo da cidade. como nos atrasamos para chegar lá, o rapaz já tinha ido embora.

primeira pauta, a gente nunca esquece.